Florir-se
Se calhar não somos mesmo limitados. Talvez, na fina tela do tempo as dimensões são incontáveis e podemos sempre descobrir novas folhas, novas camadas.
Tenho pensado mais criativamente. Pelo menos, tentado não me prender pelo peso dos quase quarenta e quatro anos de vida. Reconhecer que o conhecimento só nos dá acesso a maior extensão de crescimento e não a certezas e definições rígidas do que somos.
Poderemos mesmo continuar sempre a expandir. De forma não acelerada, mas somente orgânica. Num movimento que não é de acumulação, mas de redução.
Tanta agitação, tão desnecessária.
Tanta tristeza e angústia alheias.
Estarmos somente centrados e focados parece uma tarefa hercúlea.
Toda a energia tem de ser dirigida para não perdermos o nosso sentido.
Só sei que lutei tanto para concretizar este meu sentido. E sinto que o caminho se desdobra, não sem esforço, mas pelo menos sem desvios irreversíveis.
Há uma fluidez de progressividade.
Um caminho do qual não quero fugir ou do qual não preciso de alternância.
O que me parece injusto é que a tranquilidade de estar neste caminho certo foi cheia de falhanços. De incompreensões e muitos devagares.
E se nos momentos certos não tivesse afundado e teimosamente continuado não teria agora como experienciar este desabrochar de potencial.
Parece que existe um custo elevado e que quando fugimos dele, afastamo-nos do nosso desabrochar.
Concluo que não vale a pena resistir.
Seguir, mesmo que por vezes seja difícil e doa.
Bastante.