Andei ausente, sem dúvida. Até diria, descentrada.
Não consigo descrever completamente o que aconteceu desde o final do ano passado. A intensidade do trabalho conjugada com a dificuldade em conciliar todas as esferas da minha vida. O início de uma pós-graduação, que não era de todo necessária e numa área completamente distinta.
Se o ano passado já tinha sido exigente, neste quis, de forma inconsciente, subir claramente a parada. Não sei porque preciso de me desafiar desta forma. Sempre fui na verdade irrequieta, como se a vida fosse curta de mais para se estar confortável e tranquila, pelo menos durante muito tempo.
Não tenho a certeza se os recursos que tinha eram os ideais, e no entanto, lancei-me ao desafio, nem sempre certa se esta seria a decisão certa. Muitas noites ausentes de casa, o ritmo durante o dia de trabalho acelerado e neste intervalo de seis meses e poucos já viajei cinco vezes, em trabalho sempre.
Não conseguimos atender a tudo, a alimentar todas as esferas da nossa vida a este ritmo. A minha relação sofreu, as miúdas queixam-se.
Escrevo-te de Bordéus onde reflecti que tenho que nos próximos meses cuidar do que é mais relevante e centrar-me no Pedro e nos miúdos.
O trabalho deve ser apenas uma parte da nossa vida e não deve absorver grande parte dela. Quando se trabalha por conta própria é muito fácil cair neste erro colossal de apenas pensar e executar “trabalho”. Como se apenas essa faceta de nós fosse importante ou relevante.
A minha outra faceta encontra-se na mesma proporção esquecida, socializei pouco, li muitos menos livros não técnicos e não celebrei a vida.
Andarmos por cá deve ser uma festa e alegria constantes. E não é porque há tanto por fazer mas sim tanto para sentir e partilhar.
Boas férias para ti! E prometo voltar com mais frequência aqui.
x